E escrevia cem vezes a palavra “solidão”. Talvez fosse um pedido de socorro da alma que não era mais ouvida.
De manhã,não gostava de se olhar no espelho. Seu reflexo a lembrava do tamanho vazio que carregava consigo.
Suas lágrimas eram secas, e buscava em um sorriso fugaz, atravessar a imensa dimensão entre seu corpo e o mundo daqui de fora.
Gritava de dor, mas do que adiantava? - Como sempre, ninguém a ouvia.
Seu corpo pedia perdão ao mundo mais do quê qualquer outro pecado capital já cometido por si mesma.
Enquanto isso, pegava uma folha de papel e descrevia com exatidão o que não podia falar.
Era surda do mundo e muda de sentimentos.
Conversava com o papel em letras miúdas, apressadas pelo lápis e com o medo do único sentimento que podia sentir,se afugentar de si.
Mas, no final acabava sempre bem.
Ela, suas cem palavras de solidão e sua alma num imenso vazio de tudo.
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